quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Exército Perdido

Um exército de 50.000 homens, bem armados e aguerridos, experiente em várias campanhas militares pode ser derrotado por um outro, seja por questão numérica ou tática. Restam os mortos, feridos, prisioneiros e suas armas e equipamentos...

O EXÉRCITO PERDIDO
de Cambises II

Mas, como pode um exército composto de 50.000 homens simplesmente desaparecer, sem deixar vestígios? Simplesmente ser tragado pela natureza, sem um só sobrevivente? Sem que se tenha alguma notícia ou se ache restos de cadáveres ou armas?

Segundo o historiador grego Heródoto (Imagem ao lado), isso aconteceu no ano 523/aC.

O poderoso império Persa estava sob o comando de Cambises II, filho do grande Ciro. O imperador, cuja crueldade distoava da benevolência de seu pai, havia conquistado o Egito e se preparava para invadir a Etiópia.

No caminho, Cambises II enviou uma parte de seus exércitos para destruir um templo em Siwa, localizado no Sahara, na fronteira com a Líbia.

Isso porque ele acreditava que os sacerdotes daquele templo estavam incitando uma revolta contra ele.

Enviou 50.000 homens bem treinados e milhares de animais carregando equipamentos e suprimentos destruírem o templo e passarem a fio da espada os sacerdotes. Após alguns dias de jornada, o exército alcançou Bahariya, último oásis antes de chegar ao templo. Daí em diante seriam, então, 30 dias sem água nem sombra, sob um sol causticante durante o dia, e frio intenso durante a noite.

Cambises II

Após dias de sofrimento na terrível jornada pelas intemináveis areias do Sahara, o exército estava em pausa para descanso. De repente, uma incrível tempestade de areia proveniente do sul os atingiu em cheio.


Teria sido uma verdadeira catástrofe: sem ter onde se proteger, homens e animais pereceram asfixiados, sendo tragados e completamente cobertos pela tormenta de areia sem deixar vestígios.


Por cenenas de anos nunca se encontrou quaisquer vestígios do poderoso exército perdido de Cambises II. Desde o século XIX, arqueólogos procuravam os restos da imensa expedição perdida.

Seria possível que Heródoto, um historiador preciso e honesto houvesse mentido ou tivesse ouvido e reproduzido uma mentira? Como é possível tamanho exército ter sido soterrado sem haver sobreviventes? Afinal, eram 50.000 homens, com animais e equipamentos. Poderia ter sido tudo tragado e encoberto pelas areias? Uma tempestade poderia fazer isso?


Há alguns anos, geólogos que faziam a pesquisa petrolífera numa região a 50km de Siwa se depararam com fragmentos de tecidos, punhais e ossos, que poderiam ter pertencido ao exército de Cambises II.

Recentemente, uma equipe de italianos dizem ter encontrado vestígios de parte das tropas de Cambises II, sepultadas no deserto do Sara há 25 séculos. Estretanto, as autoridades do Egito dizem que o achado é falso.


O anúncio da descoberta gerou muita polêmica. De um lado, os arqueólogos italianos anunciaram que encontraram ossadas, pontas de flechas, braceletes e pendentes que pertenceriam ao exército perdido do Rei Persa Cambises II.


Zahi Hawass, chefe da arqueologia egípcia, qualificou esta descoberta de "infundada e enganosa", acrescentando que os italianos não tinham  permissão para escavar. Os indícios são poucos e questionáveis e a descoberta dos objetos persas - se for realmente este o caso - não prova por si só que tenham pertencido ao exército perdido: os persas dominaram o Egito durante mais de um século, realizando diversas expedições até à zona onde foram encontradas as peças.


Mas os irmãos Angelo e Alfredo Castiglioni (imagem abaixo), que lideraram a expedição, argumentam com o fato de que estes vestígios foram descobertos em um refúgio natural na rota indicada pelo historiador Heródoto, que o exército teria seguido: partiram de Tebas pelos oásis em direção ao Norte. 


Depois viraram para Oeste, para surpreender os Amónios, até à meseta de Gilf Kebir, onde teriam sido enterrados por uma tempestade de areia.


Os arqueólogos italianos juntam à isto, o fato de também terem encontrado restos de barcos que foram datados por termoluminescência como originários do ano 500 a.C. Além disso, depois de ouvirem antigas histórias beduínas, e seguindo outras pistas, descobriram o "vale de ossos" repleto de esqueletos branqueados pelo Sol, entre os quais acharam pontas de flecha e restos de cavalos.


Para os egípcios, os ossos podem ser atribuídos a um tragédia recente, como a repressão italiana ao povo Senousi nos anos 30, que fez com que populações inteiras tivessem morrido de sede depois de terem sido empurradas para o deserto. Alegam ainda que as tropas de Cambises II teriam extrema experiência ao atravessar desertos, e que o motivo do seu desaparecimento estaria embasada em outros fatores não esclarecidos.

O assunto ainda não foi satisfatoriamente concluído, muito embora os fatos sejam muito positivos para a comprovação verídica da descoberta efetuada pelos italianos. Mesmo assim, ficará a impressionante história de como a natureza pode ser devastadora, até mesmo para um exército inteiro com 50 mil homens... 

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