quinta-feira, 30 de março de 2017

Sob Pressão - "Pitaco" C&M

O cinema nacional sempre me impressionando.

Dedilhando pelos canais da TV, decidi assistir este filme, e sinceramente, que ótima escolha!


Ao longo de um dia tenso na emergência, na sala de trauma e no centro cirúrgico, acompanhamos o trabalho do cirurgião Evandro (Júlio Andrade) e equipe em três casos que requerem cirurgias de risco: um traficante, um policial militar e uma criança de família rica, todos feridos durante um tiroteio numa favela próxima ao hospital. Enfrentando a urgência, as condições limitadas do hospital e a pressão de parentes e outras pessoas ligadas aos pacientes, Evandro vai se ver diante de escolhas difíceis para fazer tudo o que é possível e tentar o impossível.

ELENCO:



TRAILER:



PITACO do C&M:

AVISO do C&M: As observações e notas do blog, não são, de maneira nenhuma, o retrato ou consenso comum de opinião. É só uma simples e humilde opinião do blog, na forma de um simples bate-papo cinéfilo.

< ALERTA DE SPOILER! >

Estamos em um "debilitado" e velho hospital no Rio de Janeiro que fica nas cercanias de uma comunidade em guerra.

Logo no início do filme já nos deparamos com a figura do Dr. Evandro (Júlio Andrade) deixando seu plantão, esgotado fisicamente e fazendo um rápido “lanche” na entrada do prédio. Os tiros ao fundo e o diálogo com o amigo dono da barraca do lanche já nos dão o indício de que o título do filme é muito correto.


Daí em diante é uma propulsão de fatos que nos mostram como é o dia-a-dia de equipes de médicos em certos hospitais pelo Brasil – que mais se assemelham à um hospital de campanha.

Mas o filme não é só isso.


A história mostra de maneira rápida e inteligente, todas as faces de situações adversas e escolhas necessárias e suas consequências.

Quando chegam ao Hospital, baleados, um traficante, um policial e uma criança – tendo somente duas salas de procedimentos cirúrgicos e uma escassa equipe, isso se evidencia.


Enquanto o oficial da equipe policial “exige” que o policial tenha prioridade no atendimento, o Dr. Evandro e equipe querem cuidar do caso mais grave – o traficante – e por cima disso tudo, temos o menino atingido por uma bala perdida quando passava por uma avenida próxima e é filho de um influente dono de jornal. E adivinhem? No calor das ações, O Dr. Evandro despacha o residente para verificar a situação do menino – mas depois de um erro de diagnóstico – a situação piora e a criança também precisa entrar em cirurgia imediatamente.


A pressão é contínua de todos os lados. Somando-se a isso, temos um hospital extremamente precário e escasso de recursos materiais e humanos, a guerra do tráfico e troca de tiros entre bandidos e PMs ao lado, e ainda um "blackout" de energia agoniante.

No desenrolar rápidos dos fatos, temos uma reviravolta súbita quando os traficantes invadem o hospital atrás do outro bandido ferido, ocasionando, como um castelo de cartas, um infarto em um dos membros da equipe do hospital, que é na minha opinião o grande momento do filme. Improvisações, nervosismo, discussões e tensão resumem esta parte final da película e não nos deixam tirar o olho da tela para ver o ato final.


Infelizmente, nem tudo são flores. Há uma certa perda de senso no roteiro, ao incluírem um take de “atração/sexo” forçado entre a Dra. Carolina (Marjorie Estiano) e Dr. Paulo (ìcaro Silva), que não tem um motivo plausível de estar ali na trama. E, sinceramente... nem precisava! Pô, a mulher estava no seu primeiro dia de trabalho no hospital!!! Esse tipo de atração, de envolvimento leva mais um pouco de tempo, pessoal!!! Basta ver o que ocorreu com os protagonistas da série Unidade Básica – Pô era visto que desde o primeiro episódio eles iam “se pegar”, mas seguiram uma certa lógica e isso demorou um pouco por lá... Normal.


Ao mesmo tempo - merecido o grande elogio aqui - em numa sequência muito rápida e inteligente, termos o motivo do “inferno interno” da vida do Dr. Evandro, evidenciado num rápido diálogo dele com Ana Lúcia (Andréa Beltrão).


Mas o filme cumpre um papel bacana: de evidenciar o quanto pode ser terrível, certos plantões de médicos, enfermeiros e outros profissionais num cenário mórbido e com total ausência do estado. Em todo o momento do filme, temos um Dr. Evandro transtornado, fatigado e altamente dependente de drogas (remédios) para se manter ativo no plantão.


Atentar para dois momentos que mostram perfeitamente o espírito de improviso: No início, quando o socorrista do SAMU “implora” pela sua maca e depois quando o eletricista está verificando a caixa de energia e recebe a ordem de –“ Faz logo esse gato! ” ...  Sem contar o resgate da velha e encostada máquina de circulação mecânica, para a Operação em Samuel (Stepan Nercessian).


Pode ter um “furo” aqui e acolá, mas não prejudica a totalidade. É um filme com um tempo excelente de exibição – não cansa e arrisco dizer, na medida certa.


Evolução: A capacidade do filme em deixar o espectador "ligado" na tela.
N/A = Não aplicável ou em cenas mínimas.
* Trilha sonora, fotografia.

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