quarta-feira, 28 de março de 2018

BRT's ...

E, hoje - véspera do aniversário de Curitiba - foi inaugurado mais um serviço no modal BRT da cidade: O Ligeirão Santa Cândida < > Praça do Japão.


Dando continuidade a implantação de linhas EXPRESSAS/RÁPIDAS nos eixos principais que cortam a cidade, a prefeitura deu início a operação desta mais nova modalidade em nosso sistema. 


Utilizando o mesmo itinerário da linha paradora Santa Cândida < > Capão Raso, esta nova linha RÁPIDA terá somente oito (8) paradas entre o terminal Santa Cândida (Norte da cidade) e a Praça do Japão (Estação Bento Vianna/Centro).  Com isso, de igual modo ao que ocorre nas outras duas linhas ligeiras já existentes (Boqueirão e Carlos Gomes < > Pinheirinho) propicia uma opção de viagem mais rápida sem a necessidade de parada em outras estações no trecho.


Obviamente, da mesma maneira que ocorreu com a implantação das outras duas linhas, será necessário um período de adaptação e correção de problemas, por conta de ajustes operacionais, técnicos e logísticos. Para isso, a prefeitura pede um pouco de paciência dos usuários, o que é normal na implantação de novos serviços.

Com o sistema de transportes não seria diferente.

Terminal Santa Cândida (Curitiba/PR)

Juntamente com a nova linha, a prefeitura inseriu também novos bi-articulados Volvo/Marcopolo de última geração. Ônibus novinhos em folha!

Com isso, Curitiba se mantém no caminho certo como precursora do sistema BRT no mundo lá na década de 1970 com Jaime Lerner. 

BLOG: Curitiba não possui um modal sobre trilhos, e assim sendo, o BRT assumiu na nossa cidade o papel de um sistema principal, arterial, e que o povo curitibano assimilou e convive bem até hoje, com um carinho muito especial. A cidade é amplamente dependente dos "vermelhões" e "azulões" - bem como dos ligeirinhos, e dentro de uma certa normalidade, o grau de vandalismo é até contido. As manutenções são aceitáveis e a frota é renovada dentro da possibilidade. Exemplo disso, é o teste que está sendo feito com o bi-articulado Scania/Caio (imagem abaixo).


Como o desgaste dos ônibus e mobiliários aqui em Curitiba se dá mais pelo seu próprio tempo de uso, e não diretamente pelo vandalismo, muitos modelos de ônibus conseguem ter uma vida útil mais longa na cidade.

A única coisa que acredito, é que a cidade já merecia um mobiliário de estações melhor - como os existentes em outras cidades do país (como RJ e BH) e no mundo, além de um estudo aprimorado e sério para melhorar o fluxo e deslocamentos nas canaletas exclusivas, principalmente no tocante aos sinaleiros. Os sinais e cruzamentos atrasam muito a operacionalidade e tiram aquilo que seria um grande trunfo do sistema BRT de Curitiba: Uma velocidade operacional maior e quase similar com alguns sistemas metroviários.

Propaganda da época de implantação do "Ligeirão Boqueirão"

Nota: Como resido no bairro (Boqueirão) e trabalho no centro, sou um exemplo tácito - como diversas outras pessoas que deixam o carro em casa e se deslocam para o centro de ônibus. O Custo-benefício é enorme: Economia de valores em estacionamento, combustível, e stress no trânsito.

Mas, em se falando de Brasil, infelizmente nem tudo são flores. No Rio de Janeiro, minha saudosa terra natal, o BRT da cidade está sangrando e definhando, rumando fatidicamente para o seu fim...


Esta imagem acima argumenta por si só. Um grupo de articulados MegaBRT da Neobus abandonados, em total estado deplorável (ferro-velho!) na garagem da Pégasus, uma das viações participantes do consórcio BRT-Rio.

Inaugurado em 2012, como uma das obras "vedetes" do pacote da cidade para Copa do Mundo e Olímpiadas, foi a "pérola da coroa" e um sistema perfeito por um bom tempo. Recebeu, inclusive, diversos prêmios na sua categoria.


A primeira malha do sistema - TransOeste - que faz a ligação da Barra da Tijuca com o bairro de Santa Cruz chegou com modernidade, conforto, rapidez.

Ou seja: Tudo que um bom sistema BRT propõe.


O Camisas & Manias em visita à sua terra natal aproveitou para conhecer o sistema (veja a matéria/post na época clicando AQUI ou na imagem abaixo), e realmente era de "cair o queixo" com ônibus novinhos e mobiliário dos terminais e estações de primeira!


Muito embora, já naquela época, eu já haver presenciado vandalismo e evasões - já em 2012!

Confesso que fiquei preocupado, mas, nada que tirasse a promessa do sistema. 

Bem... Até as Olimpíadas, o sistema se manteve, com problemas usuais de lotação, e outros - mais ainda assim, outros trechos - TransCarioca e TransOlímpica foram construídos e entregues.


Mas aí... Sempre tem um "aí" né? ... Mas, aí pessoal, tudo passou: Copa foi-se; olimpíadas veio e se foi... E com elas, foi-se também o interesse por parte dos governantes (e a explosão da crise!) no sistema. Afinal de contas, o sistema tinha feito seu papel de "tapar o buraco" e permitir a realização dos eventos no país e na cidade. Alguns fatores estão sendo determinantes para o seu fim precoce:

- Falta de investimento em melhorias, segurança e manutenção de ônibus e mobiliários.
- Total falta de um estudo detalhado pelos técnicos e engenheiros em mobilidade nas áreas de implantação e situações de risco. Ex: eixo Campo Grande - Santa Cruz (Cesário de Melo).
- Alguns usuários sem preparo ou educação para utilização desse sistema.
- Empresas operadoras do consórcio em crise financeira, sem repasses e sem ajuda do poder público para manter o padrão de excelência serviço.
- Violência em trechos (grande maioria!) do BRT; Vandalismo exorbitante e domínio de milícias e tráfico em algumas estações, inclusive com ameaças à motoristas e operadores do sistema. Assaltos e agressões constantes dentro de ônibus e estações.
- Falhas pontuais em horários e disponibilidades de linhas, tornando o sistema deficiente e cansativo aos usuários de bem.


Enfim, uma triste junção de fatores vem contribuindo para que um sistema que seria de vital importância para o deslocamento diário de cariocas esteja definhando.


Estas imagens atuais do sistema mostram perfeitamente o CAOS que se instaurou no BRT do Rio de Janeiro.


E quem vai acabar pagando por isso é a parcela honesta, trabalhadora e boa índole da população carioca que tanto carece de serviços melhores, de um transporte de qualidade e digno. Muito embora, seja ressaltado aqui, uma grande "fatia" da culpa acaba recaindo no "colo" de boa parte de pessoas que não possuem vínculo de vida em comunidade, de sociedade e civismo. A educação, aqui, faz toda a diferença também. Muitas das imagens deste post, infelizmente, mostram isso.


O eixo TransBrasil está em obras - numa velocidade "tartaruga" - e acredito que não vai ser terminada tão cedo (se for terminada...).

O consórcio BRT tenta "heróicamente" manter o sistema funcionando, mas a cada dia que passa isso se torna uma enorme epopéia...


Acho, sinceramente, que ninguém no trecho da Barra da Tijuca está com saudades dele:

Mas, se algo de muito concreto não for feito, este cenário deverá retornar... #ficaadica!

Um Brasil, dois BRT's e duas realidades tão diferentes.

Grande abraço, e lembrem-se: Outubro está chegando.

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