Para retomar o bate-papo no blog sobre filmes, decidi escolher um em especial. Na verdade, uma animação [feito com massinhas!], que assisti por puro acaso, enquanto trocava de canais procurando um bom programa. Acabei encontrando um bom filme...
O título original fica somente no nome dos protagonistas (como no título deste post, mas para nós, foi incluída a frase "Uma amizade diferente", e até que caiu muito bem.
Mary [Mary Daisy Dinkle - voz de Toni Collette] é uma menina de oito anos, moradora de Melbourne e sofre com a solidão e uma vida sem muita ação junto à sua família e vizinhos.
Um dia, resolve escrever uma carta para uma pessoa qualquer no mundo, e para isso, faz uso da lista telefônica. Surge, então, uma amizade com Max [Max Jerry Horovitz - Voz de Philip Seymour Hoffman] uma pessoa também solitária e que sofre da síndrome de Asperger, que mora em Nova York.
Apesar da enorme distância, de todas as dificuldades os dois consolidam uma forte amizade através da troca constante de correspondências. A animação conta sobre esta amizade.
O filme segue uma linha de humor-negro e pitadas de um leve drama. Através da riquíssima narração [através do competente ator australiano Barry Humphries] e dos ótimos [porém, raríssimos] diálogos [chegando por vezes à ser delicioso de escutar!] entramos na vida dos dois amigos que despejam nas linhas das correspondências trocadas, suas vidas, desejos, desavenças, desfortúnios.
Acompanhamos com tremenda curiosidade o crescimento da amizade entre os dois, e ficamos na expectativa [SIM!] das próximas cartas. Aliás, os dois ficam trocando correspondências por quase duas décadas.
Entre as narrativas, podem-se ser colhidas muitas frases de efeito, pensamentos e ideologias.
Médico de Max [Dr. Hazelhof] :
"A vida de todo mundo é como uma longa calçada. Algumas são bem pavimentadas, outras (...) têm fendas, cascas de banana e bitucas de cigarro".
Outra frase aleatória do filme:
"Deus nos dá familiares. Ainda bem que podemos escolher nossos amigos".
O filme aborda temas pesados de nossa realidade, como obesidade, depressão, suicídio, desemprego e por isso chega à ser pesado para crianças, mas extremamente agradável para adultos.
A produção faz uso de cores escuras/neutras para ambientar e alimentar a animação. Mais especificadamente o tom marrom para a vida de Mary e o cinza quando a película se volta para Max, mas por alguns momentos, podemos ver o vermelho em línguas, lábios e outros pequenos ornamentos.
A trilha sonora não fica para trás e foi bem escolhida pelo diretor Adam Elliot e sua equipe.
Não obstante, a animação emplacou alguns prêmios : Annecy Cristal [Festival de cinema de animação de Annecy] e melhor animação no Asia Pacific Screen Awards. Levou também no Festival de Berlim, recebendo o Crystal Bear com direito a menção especial, todos em 2009. Sem esquecer o prêmio de melhor animação do ano de 2010 no Anima Mundi 2010 em São Paulo.
EU NÃO CONSIGO ENTENDER COMO SER HONESTO PODER SER ... IMPRÓPRIO. |
Resultado: Fazia um bom tempo que eu não acabava de ver um filme e encostava na poltrona, tentando fazer cara de "durão" para se segurar, enquanto minha esposa ao lado deixava rolar a emoção com os olhos marejados. Principalmente com o grande final.
Realmente, um ótimo filme.