quinta-feira, 5 de maio de 2011

Invasão da Baía dos Porcos, 50 anos (1961-2011)


A Invasão da Baía dos Porcos (conhecida como La Batalla de Girón, em Cuba), foi uma tentativa frustrada de invasão do sul de Cuba por forças de exilados cubanos anticastristas formados pelos Estados Unidos. Com o apoio das forças armadas dos Estados Unidos, treinados e dirigidos pela CIA, tentaram invadir Cuba em Abril de 1961 para derrubar o governo socialista e assassinar o líder cubano Fidel Castro.

Capa da revista LIFE de 1961/1962

Localização da baía dos Porcos na ilha de Cuba

O plano foi lançado em abril de 1961, menos de três meses depois de John F. Kennedy ter assumido a presidência dos Estados Unidos. A ousada e arriscada ação terminou em um fracasso.


As forças armadas cubanas, muito bem treinadas e fortemente equipadas pelas nações do Bloco do Leste, derrotaram os combatentes do exílio em apenas três dias e a maior parte dos invasores  foi capturada pelo exército cubano.

Panorama aéreo da região do conflito

Com isso, as relações entre Cuba e EUA que já eram péssimas, deterioraram-se ainda mais. E no ano seguinte, tornou-se insustentável com a Crise dos Mísseis.


Sob o codinome "Operação Magusto", a ação tinha como objetivo principal derrubar o recém-formado governo socialista e assassinar o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro. 

Fidel passando instruções 

Posto de defesa em Cuba

Depois de três dias de combates, os mercenários foram vencidos com facilidade e Fidel declarou vitória sobre o imperialismo americano.



Ok... Na verdade, Fidel Castro já esperava um ataque direto à ilha, tendo sido alertado previamente por Che Guevara, que presenciara um ataque semelhante à revolução ocorrida na Guatemala.



Com a invasão iminente, Fidel anunciou em um fervoroso discurso no dia 16 de abril de 1961, pela primeira vez, o caráter socialista da revolução e, como previsto, no dia seguinte, teve início o ataque à ilha, na Praia de Girón, localizada na Baía dos Porcos.

Diagrama com os movimentos durante a crise

Através da CIA, o governo estadunidense treinou 1.297 exilados cubanos, ligados à ditadura de Fulgêncio Batista e baseados em Miami, para a ação visando destruir o governo de Fidel Castro. 


Soldados capturados

Como o planejado e necessário apoio da força aérea americana foi vetado por Kennedy, temendo envolver o governo dos EUA de forma institucional e aberta, a Operação acabou sofrendo uma derrota arrasadora e, em apenas 72 horas, foi sufocada por forças governamentais cubanas.



No dia 18 de abril de 1961, o primeiro-ministro da União Soviética, Nikita Kruschev, enviou uma enérgica carta ao Presidente Kennedy na qual demonstrou claramente a indignação da União Soviética em relação à essa invasão e conclamou Kennedy a interrompê-la para evitar o perigo de uma conflagração generalizada. Abaixo,  uma transcrição da carta:

Premier Soviético Nikita Kruschev


"Moscovo, 18 de abril de 1961, 14h00" (06h00 em Washington)

       "Senhor Presidente, estou enviando-lhe esta carta numa hora de alarme, assustado com o perigo da paz em todo o mundo. Uma agressão armada teve início contra Cuba. Não é segredo para ninguém que os bandos armados invadindo aquele país foram treinados, equipados e armados nos Estados Unidos da América. Os aviões que estão bombardeando as cidades cubanas pertencem aos Estados Unidos da América, as bombas que estão lançando foram fornecidas pelo governo americano."

        "Tudo isso desperta aqui na União Soviética um compreensível sentimento de indignação por parte do governo soviético e do povo soviético."

        "Suas declarações, feitas há poucos dias atrás, de que os EUA não participariam de atividades militares contra Cuba criaram a impressão que os principais líderes dos Estados Unidos estavam levando em consideração as consequências para a paz geral e para os próprios EUA que uma agressão contra Cuba poderia representar. Como pode o que está sendo feito pelos Estados Unidos ser compreendido, quando um ataque contra Cuba agora se tornou um fato ?" 

Nikita e Fidel Castro

        "Ainda não é tarde demais para evitar o irreparável. O Governo dos EUA ainda tem a possibilidade de não deixar a chama da guerra, iniciada pelas intervenções em Cuba, se tornar uma conflagração incomparável. Sr. Presidente, dirijo-me a V. Exciª um urgente apelo para que ponha um fim à agressão contra a República de Cuba. Os armamentos militares e a situação política mundial hoje em dia é tal que qualquer uma das assim chamadas "pequenas guerras" pode deflagrar uma reação em cadeia em todas as partes do mundo."

        "No que concerne à União Soviética não deve haver engano sobre nossa posição: Nós forneceremos ao povo cubano e a seu governo todo o apoio necessário para repelir o ataque armado a Cuba (...)

        "(...)Espero que o governo dos EUA vá considerar nossas posições, ditadas pela única preocupação de não permitir passos que possam conduzir o mundo a uma catástrofe militar."

        (Ass.) "Nikita Kruschev"


O episódio e seu desfecho é motivo de orgulho para o governo cubano e retratado em outdoors e representações artísticas espalhadas por Havana e algumas das principais cidades da ilha sobre o sucesso da ação militar:


Charge satirizando a tentativa frustada da invasão de Cuba

Entretanto, como foi visto mais acima no post, a situação ainda iria piorar, após a "Crise dos Mísseis" no ano seguinte. Mas aí, já é outra história...
OBRIGADO PELA VISITA...

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