Antes de falar do filme, vale uma olhadinha na história:
O USS
Indianápolis (CA-35) foi um cruzador de guerra, Classe Portland,
pertencente a Marinha dos Estados Unidos da América.
O navio teve importante participação na
Segunda Guerra Mundial, tendo sido afundado pelo submarino japonês I-57, em 30
de julho de 1945, entre as Filipinas e Guam.
Dos 1.196 tripulantes,
sobreviveram apenas 317.
Esse navio havia participado, dias antes de sua perda, da
secretíssima missão de enviar às Ilhas Marianas, o núcleo de urânio e outros
componentes da bomba que seria lançada sobre Hiroshima, uma semana depois.
Após
descarregar os componentes da bomba, partiu para se juntar ao USS Idaho, para a
prática de tiro antes de tomarem o rumo para Okinawa, a fim de se prepararem
para a esperada invasão do Japão. No meio do caminho entre as Filipinas e Guam,
foi, então torpedeado.
Após o navio afundar, a tripulação remanescente de
880 marinheiros enfrentou a desidratação e os ataques de tubarões enquanto
esperavam o resgate flutuando em poucos botes ou com coletes salva-vidas, quase
sem comida ou água.
Os ataques de tubarões começaram com o nascer do sol do
primeiro dia e continuou até que os homens fossem fisicamente removidos da
água, cerca de cinco dias depois. Entretanto, não foram os tubarões que causaram as vultuosas baixas, e sim, as lesões e ferimentos ocorridas no navio e destroços, desidratação, exaustão e água salgada.
A Marinha só soube do naufrágio quando os
sobreviventes foram localizados quatro dias depois pela tripulação de um avião
de patrulha em um voo de rotina. Apenas 317 marinheiros sobreviveram.
O USS
Indianápolis foi um dos últimos navios da Marinha dos Estados Unidos afundado por
ação do inimigo na Segunda Guerra Mundial.
* * *
Muito bem, isto devidamente explicado... Agora, sim, vamos ao filme:
Sinopse:
A tripulação do USS Indianápolis, envolvida com o transporte de componentes para as armas atômicas
que foram lançadas sobre o Japão, fica presa no mar das Filipinas por cinco
dias, após serem torpedeados. Enquanto esperam o resgate, eles passam extremas dificuldades.
Trailer:
AVISO
do C&M:
As observações e notas do blog, não são, de maneira nenhuma, o retrato ou
consenso comum de opinião. É só uma simples e humilde opinião do blog, na forma
de um simples bate-papo cinéfilo.
< ALERTA DE SPOILER! >
BLOG:
Homens de Coragem – USS Indianápolis
Confesso que demorei muito para sentar e assistir esse
filme, apesar de gostar bastante do tema (guerra).
Mas acabei me surpreendendo um pouco positivamente. Um
pouco? ... Explico:
O filme é um tributo à tripulação do cruzador e baseado em fatos reais. Narra a tragédia envolvendo os sobreviventes do USS Indianápolis, após serem torpedeados por um submarino Japonês e ficarem alguns dias à deriva
no mar aguardando o resgate.
O problema, é que como estavam em uma missão
extremamente secreta, quase ninguém sabia que eles estavam ali. O Capitão McVay seguiu ordens de manter extremo segredo - inclusive no rádio. Somado à isso houve uma incrível coincidência de erro logístico. O navio deveria ter aportado em Leyte no dia 31 como previsto, porém não chegou e nem foi feito nenhum relatório sobre este atraso.
Little Boy. O USS Indianápolis levou, secretamente, para as Marianas material da bomba.
O legal neste filme é que o apelo patriótico fica menos
agressivo, e há um direcionamento mais no fator humano de cada sobrevivente,
bem como nos motivos de estarem ali.
É claro que o foco está no capitão da embarcação, Charles B. McVay III , que
era um dos únicos à saber do real motivo do imenso segredo e de sua terrível carga: Componentes para a "Little
Boy". O filme procura ser uma redenção para o oficial, que foi o único à ser submetido a uma Corte Marcial por ter perdido um navio.
Tirando um fraco trabalho em CGI efetuado nas tomadas do
navio em movimento – empobrecendo em muito as cenas – o resto não compromete.
Uma escorregadinha ou outra, um furo aqui e acolá, mas não prejudica o
resultado final.
Afinal, apesar de uma missão secreta, porque diabos não enviar
escolta anti-submarinos com o navio? No filme isso não fica claro. Somente há as negativas por parte do alto-comando. Mas algumas fontes na web reportam que as escoltas foram negadas pois eram redirecionadas para os comboios de militares para Okinawa, e consideravam o trecho em que o Indianápolis iria percorrer "seguro".
As cenas do naufrágio e dos sobreviventes no mar são bem
geridas, mostrando que a luta dos marujos foi mais contra os vorazes tubarões
do que com o tempo. Mas, como visto mais acima, foi mostrado que outros fatores causaram mais mortes do que os tubarões.
Se esperam mais do Nicolas Cage, esqueçam. Nem é culpa dele, na verdade. É que o papel é bem comedido e limitado por ser baseado em fatos reais – mas no final temos um belo encontro entre adversários e uma redenção mútua
necessária. Passando o recado do quanto as consequências de atos numa guerra são devastadores para qualquer lado. Outro que também ficou limitado pelo roteiro e situação de "história pronta" foi o excelente Tom Sizemore.
E repito: O filme se mostrou sem um "ego" nacionalista exagerado, ficando dentro de um limite aceitável. Na verdade, se atendo aos questionamentos dos motivos de certas decisões, e da responsabilidade dura do dever - em que há a necessidade de se cumprir ordens, mesmo sabendo o quão devastadoras essas ordens possam ser.
No fim do filme, fica o enorme tributo aos homens - não só do Indianápolis - mas de todas as partes que são, de uma maneira insípida, jogados dentro de um conflito que é muito maior que eles. Mostra brevemente a Corte Marcial em que McVay foi submetido e seu suicídio em 1968.
McVay nunca superou o ocorrido. Uma grande parcela dos sobreviventes sabiam que ele não tinha culpa nenhuma, mas ainda assim, por anos, recebia cartas e telefonemas de parentes das vítimas que o culpavam e xingavam. Sua vida nunca mais se recuperaria.
McVay nunca superou o ocorrido. Uma grande parcela dos sobreviventes sabiam que ele não tinha culpa nenhuma, mas ainda assim, por anos, recebia cartas e telefonemas de parentes das vítimas que o culpavam e xingavam. Sua vida nunca mais se recuperaria.
É um filme que poderia ser muito melhor abordado,
com um tema que poderia ser muito melhor englobado, mas ficou ali... no meio
termo.
Dá para assistir numa tarde chuvosa
PS histórico necessário: Alguns vão pensar ou dizer que na verdade o ocorrido com o Indianápolis foi um "castigo" divino por conta da carga atômica que levavam e ajudaram nos terríveis bombardeamentos atômicos no Japão.
Claro que isso é um fato, mas a dura realidade é que já foi provado por inúmeros cientistas militares que a chamada Operação Downfall (invasão do Japão) seria um verdadeiro "banho de sangue", pois os soldados japoneses estariam defendendo sua terra natal e suas famílias. O número de baixas seria algo indescritível!
Detalhamento da Operação Downfall
Segundo
o Vice-Chefe do Estado-Maior da Marinha Imperial Japonesa Geral, o
Vice-Almirante Takijiro Onishi, 20 milhões de japoneses teriam morrido em caso
de uma invasão americana, devido principalmente ao fato da existência de uma
milícia civil de 28 milhões de japoneses dispostos a darem suas vidas pelo
imperador.
No bombardeamento das cidades japonesas tivemos entre 170 e 250 mil mortes imediatas e em Nagasaki entre 150 e 200 mil mortos. Isso, sem contar nas consequências futuras indiretas às vítimas sobreviventes...
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