sexta-feira, 30 de setembro de 2011

NAeL Minas Gerais

A História do
Porta-Aviões Minas Gerais

O Camisas & Manias vai contar um pouco da história do Navio-Aeródromo Ligeiro (NaeL) Minas Gerais (A-11), que serviu em três marinhas de guerra ao longo de cinquenta e seis anos de serviço e foi primeiro porta-aviões da Armada brasileira. Esse post é continuação da matéria apresentada pelo blog sobre ALANG, o cemitério de navios.

1 - No Reino Unido: símbolo de liberdade

O HMS (Her Majesty’s Ship) Vengeance (R-71) foi construído entre 1942 e 1945, e pertencia à classe Colossus, no Reino Unido, para ser usado contra os japoneses, no Pacífico, mas não chegou a entrar em combate: estava em Sidney, na Austrália, quando veio a paz.


Primeiro navio britânico a entrar em Hong Kong após o armistício, foi onde os japoneses assinaram sua rendição e serviu de base aliada para a reconstrução da cidade.

Durante muitos meses, foi o símbolo mais concreto e visível que a guerra finalmente terminara e que a vida, em breve, voltaria ao normal.

Panorâmica da ponte de comando do "Vengeance"

Até hoje, o “Vengeance” , é lembrado com carinho pela população de Hong Kong.

2 - Na Austrália: substituto temporário

Apesar deste cunho histórico importante, o navio teve uma curta carreira na Marinha Britânica. 

Em 1952, foi emprestado à Marinha Australiana por quatro anos. Os australianos tinham comprado um porta-aviões britânico cuja construção estava bastante atrasada, então: -“Vai usando esse aí enquanto o seu não fica pronto”, disseram os ingleses.


Agora, ostentando um novo prefixo "HMAS (Her Majesty’s Australian Ship)", o “Vengeance” de novo quase entrou em combate, desta vez, na Guerra da Coréia, chegando a ser preparado, mas decidiram por enviar outro navio no seu lugar.

3 - No Brasil: orgulho da frota!

Devolvido ao Reino Unido em uma época de vacas magras e cortes orçamentários, o “Vengeance” foi descomissionado e acabou vendido ao Brasil por nove milhões de dólares.

Era uma época de euforia por aqui. Estávamos construindo uma nova capital e, agora, comprávamos também um porta-aviões, aliás, o primeiro de uma Marinha latino-americana.

Já com a pintura A-11 no casco.

Além disso, na época, o presidente J.K. tinha enfrentado forte oposição das forças armadas e o Minas seria uma excelente maneira de ganhá-las com "mel", não com "vinagre".


Rebatizado como Nael (Navio-Aeródromo Ligeiro) Minas Gerais (A-11), ele nos prestou cinquenta anos de ótimos serviços.

Brasão do A-11 Minas Gerais

Foi a nau capitânia (ou seja, o navio mais importante-Líder) da Armada Brasileira. 

Entrávamos assim no seletíssimo grupo de países detentores de porta-aviões, grupo este, que ainda hoje, inclui somente nove membros (!).


Felizmente, nunca precisamos usar o bravo Minas Gerais. O mais perto que chegamos disso foi durante a Guerra da Lagosta, quando toda a nossa Armada foi mobilizada para encarar os franceses, mas o Minas, recém-chegado, ainda não estava em condições de se locomover.



Cinquenta e seis anos depois de construído, o Minas foi “descomissionado” em 2001.

Era o último dos porta-aviões ligeiros da Segunda Guerra Mundial ainda ativo e também o mais antigo porta-aviões em operação no mundo.


E, mesmo tendo passado por três marinhas em um século convulsionado, na interessantíssima expressão inglesa, -“never fired a shot in anger”, ou seja, -“nunca disparou irritado”, querendo dizer que jamais participou de combates e todos os tiros que disparou foram em treinamentos, simulações ou homenagens.

A atual nau capitânia da Armada brasileira é o Nae (Navio-Aeródromo) São Paulo (A-12), hoje, o maior navio de guerra do hemisfério sul.



* Raridade... Na imagem acima (Fev-2001) os dois aeródromos do Brasil navegando lado à lado.


Comprado em meio a muita polêmica no ano de 2000, o São Paulo foi, durante quarenta anos, o porta-aviões “Foch”, da Marinha Francesa, classe "Clemenceau", onde participou de diversas ações de combate, no Iêmen, Djibuti, Líbano, Líbia e Iugoslávia.


Abaixo, um vídeo muito bom, contando a história do São Paulo, e ao final fazendo citação ao Minas Gerais:


4 – Nas lamas de Alang...

Bem... Depois de descomissionado, ninguém mais se interessou pelo velho Minas...


A associação de ex-tripulantes britânicos ainda tentou comprá-lo, para que fosse transformado em um museu flutuante, mas infelizmente, não conseguiram levantar o dinheiro necessário.

Em julho de 2002, for vendido por cerca de dois milhões de dólares para um estaleiro chinês.


Mas, por problemas envolvendo manuseio de materiais perigosos e químicos, o estaleiro Chinês repassou o Minas para um estaleiro na Índia.

Assim, melancolicamente, o  Minas Gerais saiu do Rio de Janeiro rebocado, abandonando assim a baía que foi sua casa por quarenta anos, e foi em direção à eutanásia nas areias de Alang, na Índia em 2003.


O Minas, abandonado, encalhado na lama de Alang, aguardando sua vez de ser desmanchado.


E, abaixo, sequência de fotos mostrando o serviço se sucateamento. Golpe de misericórdia no valente Minas...






Acima: O que restou da ponte de comando do Minas, após o serviço de sucateamento em Alang. Triste destino para um gigante de outrora que tão bem serviu três forças armadas.

Novamente, quero tecer meu agradecimento ao meu "Brother"  Alexandre Pedron, pela dica de matéria muito bacana.

Ficou curioso sobre ALANG, o cemitério de Navios?  Clique: ALANG

No próximo post... O Brasil em guerra com a França? O que foi a quase intitulada “Guerra da Lagosta”?

Veja aqui no C&M:  A Guerra da Lagosta


Até a próxima amigos, e sempre agradecendo seu carinho e visita...

Tchau!

Um comentário:

Altomar Lima disse...

Triste fim do A-11, um grande navio que deveria ter se transformado em museu pela Marina do Brasil.