sexta-feira, 30 de junho de 2017

Wholetrain

Ao falar do VLT do Sobral, há alguns dias, um dos assuntos abordados foi o trabalho dos artistas OsGemeos nas composições do sistema, com artes aplicadas em homenagem à Belchior - Ilustre natural daquela cidade.

O Camisas & Manias resolveu escrever mais sobre o tema...


Primeiro ... Seus idealizadores:

Tudo começou lá em São Paulo, quando uma dupla de irmãos pintava uma estação de trem. 

“As pessoas queriam que a nossa pintura pudesse ser vista também na outra ponta do lugar. Como não podíamos pintar todas as estações resolvemos colorir o trem”, conta Gustavo. 


“Foi a solução perfeita para a questão. O suporte se locomovendo leva nossos desenhos para muito mais pessoas”

"Para ver nossos trabalhos, as pessoas tinham que pegar os trens e parar em determinadas estações”, lembra Otávio. “Aí começamos a pensar, junto com o ISE, outro grafiteiro de São Paulo, se não seria legal se, em vez disso, os trens levassem a arte para essas pessoas. Foi quando tivemos a ideia de pintar os próprios trens".


O próximo passo foi convidar grafiteiros do mundo todo para integrar o projeto e partir em busca de cada trem ainda cinza no país. Cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Natal, João Pessoa, Maranhão e Vitória já receberam esta visita colorida.

Mais conhecidos como: OSGEMEOS (1974, São Paulo, Brasil), Gustavo e Otávio Pandolfo, sempre trabalharam juntos. Quando crianças, nas ruas do tradicional bairro do Cambuci (SP), desenvolveram um modo distinto de brincar e se comunicar através da arte.


Com o apoio da família, e a chegada da cultura Hip Hop no Brasil nos anos 80, OsGemeos encontraram uma conexão direta com seu universo mágico e dinâmico e um modo de se comunicar com o público. Exploravam com dedicação e cuidado as diversas técnicas de pintura, desenho e escultura, e tinham as ruas como seu lugar de estudo.

No início dos anos 90 surgiram convites para intervenções públicas e exposições individuais e coletivas em museus e galerias do mundo inteiro.

Instituto de arte contemporânea - Gigante de Boston e Greenway

Em 2006 realizam suas primeiras mostras individuais nos Estados Unidos e Brasil. Desde então, já expuseram trabalhos e desenvolveram projetos em inúmeras cidades do Brasil, América do Norte, Europa e Ásia.

Trabalho em aeronave da companhia aérea GOL

O trabalho dos irmãos está ligado à sua vivência em São Paulo e mescla elementos desta realidade com um imaginário próprio e peculiar dos artistas, criando assim um universo lúdico e autêntico.


PROJETO WHOLETRAIN


Teve início em 2002, quando Gustavo e Otávio criaram painéis em estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

Apesar de o Brasil ser um dos países mais liberais do mundo para o grafite, os artistas acreditavam que isso seria impossível, em função da burocracia ou mesmo da falta de autorização por parte das empresas.


Mas elas entenderam o incentivo de levar arte aos usurários dos trens e seguiram em parceria com o Projeto Wholetrain.

Em cada um dos lugares visitados, o time de artistas mudou.

“A ideia é estar sempre chamando pessoas diferentes para nos acompanhar. Isso é um ponto importante a ser destacado. Trouxemos muita gente boa que merece reconhecimento. Li várias reportagens sobre o Wholetrain em que afirmavam que tudo era um projeto d’Osgemeos e sua turma. Está errado. É difícil falar sobre patamares quando cada um aqui tem seu próprio estilo, caminho, trajetória de vida e escola. É uma mescla de referências e talentos do mundo todo”, desabafa Gustavo.


E ele está certo.

Popular pelas criaturas bizarras em escalas gigantes que pinta, Aryz veio de Barcelona, na Espanha.

Defendendo que todo artista deve dizer nunca para toda e qualquer limitação que exista, Francisco, ou Nunca, também integra o time.

Finok traz para cá uma fusão de culturas, fruto de suas passagens pela Índia, Europa e Estados Unidos.


A introspecção e frieza do cotidiano que permeia as obras de Kaur também são somadas ao trabalho, assim como as grafias em formato gigante de Gueto e toda a força e beleza que Cekis trouxe do Chile. 

Com centenas de trens pintados na bagagem, Vino, também de Barcelona, deposita aqui um pouco de sua vasta experiência. Ainda fazem parte da equipe os grafiteiros Coyo e Nevs.


O fato de todo o projeto não receber patrocínio do poder público é algo que chama bastante atenção. “Nunca fomos atrás disso e nem percebemos interesse por parte do governo ou do município, por exemplo. A única coisa que nos é cedida são os trens”, conta Gustavo.


O dinheiro que banca hospedagem, transporte e o material utilizado vem de uma empresa particular chamada EP7. “Ela é formada por colecionadores de arte, pessoas que entenderam a ideologia da gente e se apaixonaram pela ideia de levar arte através dos trens”


Ele ainda destaca que nunca foram procurados para pintar, a iniciativa sempre parte dos próprios artistas. “Acreditamos que o dinheiro do governo tem que ir para o povo. Para o usuário do trem, para quem utiliza o transporte. Que usem essa verba para melhorar o serviço, o próprio trem, o trilho, o ar-condicionado. Concordamos que se o sistema está ruim e precário, esse dinheiro tem de ser destinado a melhoria de tudo isso. A nossa parte a gente faz.


Com tantos estilos, traços e bagagens nas costas, o grupo precisou de um conceito. 

A ideia é representar elementos da cultura local em cada cidade que grafitam. Promover um diálogo entre nações. “Procuramos coisas ligadas ao folclore e à cultura popular. Para todos nós, principalmente para quem vem de fora, é muito interessante conhecer e entender o por quê de um personagem ter uma igreja na cabeça, por exemplo. A gente acaba inserindo tudo isso no que fazemos”.


"A ideia agora é estender o Projeto Wholetrain a todas as capitais do país e produzir um documentário, que já está em andamento", finaliza Otavio.


É claro que isso é só um resumo de tudo que essa galera já fez ou vai ainda fazer. Ficou curioso e quer ver mais? Então acesse no link abaixo a página oficial deles:


Completíssima, com matérias atualizadas, fotos, fotos, vídeos e todos os trabalhos e projetos estão lá. Fabuloso esse trabalho de levar cor (da vida! da cultura! da expressão!) para nosso mundo cada vez mais cinza...

Também tive como fonte uma matéria na:


Um grande abraço à todos e muita paz...

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