Neste período, o blog
está postando assuntos relacionados à Brasília. Antes de apresentar quaisquer
outras matérias sobre a Capital Federal, um assunto primordial tem que ser lembrado...
Eles semearam a nova capital...
Em 1763, ainda no Período Colonial, o Brasil
passou a ter uma nova capital: a cidade do Rio de Janeiro (anteriormente, era
Salvador).
Entretanto, naquele mesmo século, circulava a
idéia de levar a capital para o interior da colônia, por motivos de segurança nacional e retirando o centro do
poder da região litorânea. Entre as cidades cogitadas para se tornar a nova
capital, estavam as mineiras São João Del Rey e Paracatu e ainda a goiana
Formosa.
<<< José Bonifácio. Defendia a instalação da nova capital do país em Paracatu/MG.
Mas a mudança só começou a sair do papel em
1891, quando essa alteração foi colocada na própria Constituição Brasileira,
que determinava a reserva de uma área de 14.400 quilômetros quadrados para
abrigar a nova capital.
Presidente Floriano Peixoto >>>
Em 1892, o presidente Floriano Peixoto formou a
Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, que ficou conhecida como
Missão Cruls e demarcou a localização atual de Brasília.
Aliás, o presidente Floriano Peixoto fez mais do
que "cumprir" o dispositivo constitucional que determinava a mudança
da capital, sem fixar prazo ou urgência — sua mensagem ao Congresso destacava a
"necessidade inadiável" da mudança.
Em
1892, o Congresso aprovou a criação da Comissão Exploradora do Planalto Central
do Brasil, formada pelo engenheiro belga e estudioso de Geografia e Astronomia
Louis Ferdinand Cruls, que chegou ao Brasil em 1874 (seduzido pelas informações
que obtivera de estudantes brasileiros na Bélgica), na época, diretor do
Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, e outros 21 membros, entre
cientistas, técnicos e militares.
Louis Ferdinand Cruls
Curiosidade: Segundo um dos participantes da expedição, Floriano Peixoto
lhes garantiu mudar a capital ainda em seu mandato (1891-1894), nem que tivesse
de instalar o governo em barracas de campanha.
1ª missão Cruls
A Primeira Missão Cruls partiu do Rio de Janeiro em
junho de 1892, repetindo exatamente o roteiro de Varnhagen, por ferrovia até
Uberaba, no Triângulo Mineiro, ponto final dos trilhos da Companhia Mogiana de
Estradas de Ferro. Dali, seguiu a cavalo — com quase 10 toneladas de bagagens e
equipamentos, em 200 baús de madeira — até Pirenópolis, Santa Luzia (Luziânia)
e Formosa (Goiás).
Enfrentando condições adversas e rudimentares, efetuaram monumental coleta de informações, medições,
levantamentos e outros levantamentos
diversos.
Acampamento da Missão em Santa Luzia (GO) 1892
A missão lançou quatro marcos definindo uma área entre as três
cidades — o Retângulo Cruls, de 160 por 90 km — abrangendo nascentes das bacias
dos maiores rios brasileiros, Amazonas, São Francisco e Paraná.
A missão na cachoeira do Rio Cassu (1892)
De volta ao Rio de Janeiro, após 13 meses de
viagem, uma exposição na sede dos Correios e Telégrafos apresentou mapas,
fotografias além de amostras do solo, flora e fauna do planalto. O relatório da
1ª missão Cruls — bastante conhecido como "Relatório Cruls", ou
"Relatório Completo" — foi publicado por Lombaerts, em 1894.
Mais famosa imagem dos integrantes da Missão Cruls (1982) em Pirenópolis/GO
Antes, porém, um primeiro relatório parcial já
havia sido apresentado ao governo e publicado no Diário Oficial da União em
junho de 1893.
Ao rejeitar uma proposta de exploração de outra área — entre a
Bahia, Goiás e Piauí — e determinar estudos mais detalhados, o Congresso
Nacional praticamente oficializou a área demarcada para sediar o futuro
"Districto Federal".
A partir de então, o "Retângulo Cruls"
passou a constar de todos os mapas do Brasil.
2ª missão cruls
Louis Cruls recebeu do governo Floriano Peixoto, em
1894, uma outra incumbência. Uma segunda missão: instalar uma estação
meteorológica no local, providenciar
ligação telegráfica à rede mais próxima, proceder ao reconhecimento de viabilidade de
uma ligação férrea ou férreo-fluvial, escolher o local da cidade dentro do
quadrilátero e aprofundar mais ainda os levantamentos sobre o clima,
abastecimento de água, topografia e natureza do terreno.
Panorama de Formosa (GO) em 1894
Nesta
segunda visita, o botânico Glaziou destacou as condições favoráveis à criação
do lago Paranoá — onde, na sua opinião, teria havido um lago natural em priscas
eras.
<<< O botânico Auguste François Marie Glaziou
Apenas
os militares integrantes da Comissão de Estudos puderam se manter no local,
precariamente, reduzidos ao soldo fixo, para a guarda do equipamento —
caríssimo — até que se votasse uma verba emergencial, suficiente apenas para
levá-lo de volta ao Rio de Janeiro.
Rio das Almas (Pirenópolis/GO) 1894
Um
segundo relatório parcial — aparentemente jamais reeditado — foi publicado em
1896, com informações sobre a ligação ferroviária. No mesmo ano, foi suprimida
a estação telegráfica de Mestre d'Armas (Planaltina), presumivelmente instalada
pela 2ª Missão Cruls.
Rio Parnaíba
Apesar de essa missão ter demarcado o
quadrilátero onde seria a futura capital brasileira, demorou décadas até que a
construção desta fosse concretizada, pois foi somente no governo de Juscelino
Kubitschek que houve determinação política e vontade suficiente para que a
capital deixasse o Rio de Janeiro e fosse transferida para Brasília.
2ª Missão Cruls cruzando o Rio Areias (1894)
* - * - *
Durante
um mês (Novembro de 2011), uma reprodução do observatório construído em 1892 pela equipe da 1ª Missão
Cruls, chefiada pelo astrônomo e engenheiro militar belga Louis Ferdinand
Cruls, ficou montada no Parque da Cidade em Brasília:
O observatório tinha como objetivo
determinar as coordenadas geográficas da nova capital a partir das estrelas.
Quando da ocasião das comemorações do centenário da 1ª missão Cruls, foi lançado um selo comemorativo:
E, na residência onde nasceu Louis Cruls, em Diest (Bélgica), há uma placa em sua homenagem, onde aparecem menções à sua importante participação na Missão Cruls:
E assim, o blog conta
como Brasília deu seus primeiros passos. Nossa importante Capital Federal e
linda cidade. Aguardem mais posts com monumentos e locais que o C&M visitou... Abraços, e como sempre...
Obrigado pela Visita !!!
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